Chamada aberta- Revista Aspas 15.2

Prazo: 15 de abril a 31 de julho

A Revista Aspas, publicação do Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da ECA/USP, receberá até o dia 31 de julho de 2025 artigos inéditos dentro do escopo:“AS ARTES DA CENA E OS MOVIMENTOS ABOLICIONISTAS: Pedagogias libertárias e espaços de imaginação política” 

CHAMADA Revista Aspas 15.2 “AS ARTES DA CENA E OS MOVIMENTOS ABOLICIONISTAS: Pedagogias libertárias e espaços de imaginação política”

Segundo a plataforma World Prison Brief, a população carcerária mundial ultrapassa os 11 milhões de pessoas. Entre 2000 e 2019, a população carcerária mundial aumentou mais de 25%, enquanto a população global cresceu cerca de 21% no mesmo período.

Além disso, cerca de um terço dos prisioneiros no mundo estão detidos sem julgamento, o que levanta preocupações sobre os direitos humanos e a eficiência dos sistemas judiciais em diversos países. A superlotação carcerária é outro problema crítico, com muitos sistemas prisionais operando acima de sua capacidade, o que afeta negativamente a saúde e o bem-estar dos detentos. As altas taxas de encarceramento não diminuem os índices de violência e criminalidade, o que nos leva a pergunta levantada por Angela Davis: Estariam as prisões obsoletas?

Na contramão dos discursos punitivistas e medidas paliativas existem trabalhos, ações, práticas artísticas e pesquisas em Artes Cênicas que tem com o intuito não somente promover a a dita ressocialização, sendo essa uma das pautas que o encarceramento utiliza se como defesa de sua existência, mas acima disso tem como eixo de diretriz o  fim das prisões. 

Segundo a abolicionista e pesquisadora Liat Ben Moshe, as prisões têm sido, ao longo da história, um espaço de contenção das rebeldias e povos marginalizados e operam na sociedade contemporânea como um braço estendido do projeto escravocrata. Esse legado punitivista que propõe a reclusão como forma de (re)socialização tem sido empregado em diversas outras instituições como manicômios, clínicas de reabilitação para dependentes químicos com internação compulsória, internatos escolares, entre outros.

Como resistência, movimentos abolicionistas por todo o mundo têm buscado novas formas de se promover justiça e organizar nossas sociedades, onde o teatro cumpre um papel fundamental nesse tipo de elaboração.

A socióloga Angela Alonso (2012) afirma que, em meados do século XIX, diversos grupos de teatro se apresentavam na porta das igrejas após as missas de domingo para levar o ideal abolicionista às massas e arrecadar fundos para comprar cartas de alforria e libertar pessoas escravizadas. Embora esse fato não tenha tido tanta visibilidade quanto outros movimentos dentro da história das artes cênicas, esse legado do teatro abolicionista sustentou toda uma série de diferentes metodologias, poéticas e estratégias, que construíram um verdadeiro arsenal estético na luta contra o punitivismo e o encarceramento em massa no Brasil.

Esse legado do teatro abolicionista é continuado por Abdias Nascimento na década de 1940, com seu Teatro do Sentenciado, e posteriormente por toda uma leva de artistas engajados em buscar novos imaginários possíveis para organizar nossas sociedades e a forma como pensamos conceitos como justiça, responsabilização, educação e reparação. Esse contexto não é tão diferente em outros lugares do planeta onde o encarceramento em massa é uma realidade.

No campo universitário, grupos de extensão por todo o Brasil e no mundo tem construído estéticas e éticas nas artes da cena junto a pessoas encarceradas e sobreviventes do sistema prisional, que trazem contribuições para o campo das metodologias em artes cênicas.

Com o intuito de aproximar as ações, pesquisas e práticas artísticas abolicionistas no que tange ao encarceramento, a Revista Aspas convida pessoas pesquisadoras, grupos de pesquisa a compartilharem e proporem reflexões para compor a edição 15.2 AS ARTES DA CENA E OS MOVIMENTOS ABOLICIONISTAS: Pedagogias libertárias e espaços de imaginação política . Com esta chamada, buscamos estimular reflexões que contribuam com o debate e que dialoguem com uma ou mais das seguintes perguntas:

  • Como ações em instituições de privação de liberdade podem se caracterizar como um discurso abolicionista em Artes Cênicas? 
  • Práticas e Ações artísticas que atuem como denúncia,  transformação de justiça em espaços de privação de liberdade; 
  • Quais as contribuições de trabalhos e ações em artes cênicas para as pessoas em privação de liberdade, diante de uma perspectiva não-reformista e de mudança radical?
  • Propostas pedagógicas emancipatórias em Artes Cênicas  para e por corpos privados de liberdade; 
  • Quais questionamentos e possíveis modificações no sistema prisional  que esses trabalhos podem suscitar para pensar modos de organização sociais em que a privação de liberdade não seja mais uma alternativa necessária?
  • Quais os limites das práticas em artes cênicas nesses contextos e seus paradigmas?

Este dossiê tem como editores convidados: Ashley Lucas (University of Michigan), Walidah Imarisha (Portland State University), Vicente Concilio (UDESC) e Murilo Gaulês (USP/LADCOR).

E como organizadores estão os pós-graduandos do PPGAC ECA-USP: Nailanita Prette (USP/LADCOR) e João Petronilio (USP/LADCOR).

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